segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Falta coragem na educação

Texto que publiquei em 26/08/2004

Quando se compara resultados na qualidade de ensino da escola pública com a escola particular, esquecem de mencionar que elas envolvem realidades bem diferentes.
Não que na rede particular de ensino não exista aluno com problemas das mais diversas ordens, mas é que a Fome atinge única e exclusivamente alunos da rede pública.
Em muitas regiões do país, é na escola que a criança faz a sua principal refeição do dia. Como esperar resultados iguais em realidades tão diferentes?
Quando falamos em Brasil, a diversidade fica clara, mas o que dizer de Araras, vivemos também esta realidade?
Embora tenhamos problemas, não creio que esta justificativa caberia para a nossa cidade. Acho que a qualidade de ensino nas nossas escolas só não é melhor por falta de uma estrutura favorável, e falta de coragem para mudar o que está aí.
Gasta-se muito, mas gasta-se mal. E, enquanto os que comandam a rede particular de ensino se preocupam em ter lucro e qualidade, pois só assim continuarão a ter alunos, os que comandam a rede pública se preocupam mais com a aparência e o assistencialismo, pois acham que isto "dá votos".
Por que não pensamos na rede pública de ensino como sendo a maior rede particular existente?
Por que não investimos em material didático de qualidade, como na rede particular, para tornarmos as nossas escolas públicas mais eficientes? Afinal, o material humano pouco difere, já que grande parte dos professores da rede particular também ministram aulas na rede pública.
Por que não olhamos para a rede particular de ensino e tiramos de lá o que há de bom?
Muitas perguntas ficam sem respostas quando se fala em educação, mas quem sabe um dia, teremos coragem e ousadia e olharemos para a educação pública com os mesmos olhos que se vê a educação particular, pelo menos no que se refere à qualidade.
Quem sabe um dia, teremos através da educação, o início da verdadeira democracia.
LRDantas

Perdendo tempo

Texto que publiquei em 29/07/2004

É impressionante como gostamos de pesquisas. Há pesquisas para tudo, desde quanto tempo, em média, uma pessoa passa dentro do banheiro durante toda a sua vida, a influência da defecção das vacas, para a camada de ozônio; até o que a mulher, ou o homem, mais pensa quando está transando. Um monte de coisas de suma importância para o desenvolvimento humano, não acham?
Uma das últimas pesquisas divulgadas pela TV, dizia respeito à falta de capacidade que os alunos das escolas públicas brasileiras têm de interpretar textos simples e efetuar pequenos cálculos envolvendo as quatro operações matemáticas. Qual a surpresa? Só se surpreendeu com a pesquisa quem não quer enxergar a realidade, ou seja, as pessoas que vivem no mundo de fotografias da educação. E sabem com é, na fotografia, com uns bons retoques, até a celulite some. Lembram?
Desde o início do governo F.H.C. (que começou na verdade quando o Presidente "era" o Itamar Franco), o Ministério da Educação buscou de todas as maneiras aumentar o número de jovens nas escolas; pois bem, chegamos a índices de quase 97% dos jovens matriculados no Ensino Fundamental, um feito histórico, mas e a qualidade do ensino? Quanto a isso, só se ouvia dizer: "primeiro temos que trazer o aluno para a escola, depois...". Depois quando? Já se passou mais de uma década e continuamos perdendo tempo quando o assunto é qualidade do ensino. Outra coisa, sempre que se fala em qualidade de ensino, ou pesquisas sobre educação, só se discute duas disciplinas: Matemática e Português. Só espero que estes "pesquisadores" não pensem que o problema está só com estas disciplinas, o problema é generalizado. Fazendo uma analogia com a medicina, pode se dizer que a baixa qualidade do ensino é um câncer que atingiu todos os órgãos do corpo educacional, e como tal deveria ser tratado; ou seja, não adianta "projetinhos" de remédios aqui e ali, precisamos usar um tratamento de choque como a quimioterapia. Devemos parar de nos preocupar em manter a educação com uma "cara" bonita para sair bem em fotos, temos que deixar a vaidade de lado e ficarmos "carecas" num primeiro momento, para só então atingirmos a cura.
Esqueçamos por alguns anos os índices de aprovação, já está provado que escola com alto índice de aprovação não significa escola com qualidade de ensino. Vamos voltar a cobrar de nossos alunos conhecimento e não frequência, afinal, com os índices de desemprego que o país possui, o que irão cobrar de nossos alunos será conhecimento. Não pensem que a frequência em uma fila de desempregados garantirá emprego para alguém. Pense nisso.
LRDantas