segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Perdendo tempo

Texto que publiquei em 29/07/2004

É impressionante como gostamos de pesquisas. Há pesquisas para tudo, desde quanto tempo, em média, uma pessoa passa dentro do banheiro durante toda a sua vida, a influência da defecção das vacas, para a camada de ozônio; até o que a mulher, ou o homem, mais pensa quando está transando. Um monte de coisas de suma importância para o desenvolvimento humano, não acham?
Uma das últimas pesquisas divulgadas pela TV, dizia respeito à falta de capacidade que os alunos das escolas públicas brasileiras têm de interpretar textos simples e efetuar pequenos cálculos envolvendo as quatro operações matemáticas. Qual a surpresa? Só se surpreendeu com a pesquisa quem não quer enxergar a realidade, ou seja, as pessoas que vivem no mundo de fotografias da educação. E sabem com é, na fotografia, com uns bons retoques, até a celulite some. Lembram?
Desde o início do governo F.H.C. (que começou na verdade quando o Presidente "era" o Itamar Franco), o Ministério da Educação buscou de todas as maneiras aumentar o número de jovens nas escolas; pois bem, chegamos a índices de quase 97% dos jovens matriculados no Ensino Fundamental, um feito histórico, mas e a qualidade do ensino? Quanto a isso, só se ouvia dizer: "primeiro temos que trazer o aluno para a escola, depois...". Depois quando? Já se passou mais de uma década e continuamos perdendo tempo quando o assunto é qualidade do ensino. Outra coisa, sempre que se fala em qualidade de ensino, ou pesquisas sobre educação, só se discute duas disciplinas: Matemática e Português. Só espero que estes "pesquisadores" não pensem que o problema está só com estas disciplinas, o problema é generalizado. Fazendo uma analogia com a medicina, pode se dizer que a baixa qualidade do ensino é um câncer que atingiu todos os órgãos do corpo educacional, e como tal deveria ser tratado; ou seja, não adianta "projetinhos" de remédios aqui e ali, precisamos usar um tratamento de choque como a quimioterapia. Devemos parar de nos preocupar em manter a educação com uma "cara" bonita para sair bem em fotos, temos que deixar a vaidade de lado e ficarmos "carecas" num primeiro momento, para só então atingirmos a cura.
Esqueçamos por alguns anos os índices de aprovação, já está provado que escola com alto índice de aprovação não significa escola com qualidade de ensino. Vamos voltar a cobrar de nossos alunos conhecimento e não frequência, afinal, com os índices de desemprego que o país possui, o que irão cobrar de nossos alunos será conhecimento. Não pensem que a frequência em uma fila de desempregados garantirá emprego para alguém. Pense nisso.
LRDantas

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