sábado, 5 de fevereiro de 2011

Falando a verdade I

Falando a verdade

Recentemente ao participar de uma reunião de professores cuja pauta era "discussões das propostas curriculares", fui “apresentado” a essa frase: “o aluno tem o direito de aprender”. Será que alguém não sabia disso??? A questão é: será que todos sabem que os professores também têm o direito de ensinar? Mas como ensinar em salas de aulas superlotadas? Como ensinar alunos que não estão comprometidos com o ensino?

Infelizmente quando os governos criam “esmolas sociais”, como o Bolsa Família, e vincula o seu recebimento à frequência escolar, cria-se alunos compromissados com a frequência e não com o aprendizado. Devemos repensar esse critério, pois estamos “dando” sem cobrar efetivamente nada em troca; talvez devêssemos atrelar o recebimento desses auxílios não à frequência, mas sim ao aprendizado.

Hoje temos alunos que não fazem nada em sala de aula, só estão lá para garantir o recebimento dessas “bolsas”. Será que eles não mudariam essa postura se lhes fossem cobrado um pouco mais do que só a frequência? Sabemos que “tudo que é fácil não se dá valor”..

É lógico que o objetivo dessas “esmolas” é o retorno político; afinal, é muito mais interessante que um grande número de pessoas recebam ao invés de um número menor, pois isso poderá virar “votos”. Quando o governo decide ampliar essa “esmola” para os jovens de dezesseis e dezessete anos que frequentem a escola (novamente “frequência” apenas), seria muita ingenuidade achar que isso não tem nada a ver com o fato desses jovens já poderem votar... Não sejamos tolos!

Para encerrar, gostaria de deixar bem claro que não sou contra esses auxílios, só estou questionando o critério usado pelos governos para garantir o seu recebimento, e só a frequência não é a melhor maneira, talvez se usassem o rendimento escolar, resolveríamos dois grandes problemas ao mesmo tempo... pensem nisso.

L.R.Dantas

dantas1503@yahoo.com.br

Falando a verdade II

“O cavalo manga-larga carrega o peso por 99 km em uma corrida de 100 km e é deixado para trás, o último quilometro é percorrido muitas vezes por um pangaré que leva toda a fama”.
Acontece algumas coisas engraçadas no nosso sistema educacional. De um lado dizem que é “antipedagógico” separar os alunos em turmas homogêneas (em outras palavras, colocar os bons com os bons, os médios com os médios...), há teses e teses defendendo esse ponto de vista. E, embora as escolas, de diversos estados, que utilizaram a separação por nível de desempenho tenham obtido os melhores resultados nos mais diversos tipos de avaliações, parece que isso não é o bastante para mudarem algumas “cabeças”.
Vamos então às incoerências geradas por essas pessoas: são contra as turmas homogêneas, mas as escolas técnicas do estado, que são citadas como as que tiveram os melhores resultados nas últimas avaliações, só são freqüentadas por quem é aprovado em um “vestibulinho”, ou seja, são alunos selecionados, grupos homogêneos! E sabe o que é injusto? É que os professores que formaram essa “elite” de alunos que foram aprovados nesses vestibulinhos não têm o seu trabalho reconhecido. O governo paga um bônus maior para os professores que “correm” o último quilometro e esquecem que alguém “carregou” aquele aluno até ali, isso não é certo, isso não é justo! Experimentem distribuir essas vagas por sorteio, quero ver se essas escolas conseguirão os mesmos resultados.
Outro absurdo é que esses professores que ministram aulas nessas escolas técnicas não são nem mesmo concursados, são escolhidos numa banca que muitas vezes se torna uma banca de amigos. É como se o concurso público onde você competiu com mais de 100 mil professores tivesse um valor menor do que uma escolha feita por uma banca com nem meia dúzia de pessoas. E a incoerência continua, pois o governo está dizendo que irá aumentar o salário dos professores de acordo com os resultados obtidos por seus alunos. É como se o professor que ministra aulas numa escola heterogênea, com turmas heterogêneas, em bairros carentes, com alto índice de criminalidade, de problemas familiares, etc., fatores que influenciam no aprendizado, fosse ele “o professor” o culpado por tudo isso. Será que ninguém vê que as escolas “normais” não trabalham com alunos selecionados assim como fazem as escolas técnicas?
Recentemente os professores das escolas técnicas receberam um aumento acima de 40%, enquanto os professores estaduais continuam na esperança (talvez devêssemos tentar a loteria, a probabilidade será maior).
Por fim gostaria de fazer um pedido aos responsáveis pelas escolas técnicas: realizem concursos para a contratação de seus professores, deem uma chance para os que carregaram o peso por 99 km de terminarem o percurso, e quem sabe um dia também serem valorizados.
L.R.Dantas
dantas1503@yahoo.com.br